Tuesday, September 18, 2007

a semiótica e o rango

Uma vez me disseram que o homem que nasceu cego dorme de olhos abertos. A frase sempre me pareceu um ditado japonês mal traduzido, algo que deveria ser bonito no original.
Ao longo dos anos, machuquei cascas de árvore, cartas de amor e ódio com essas palavras. Pelos meus cálculos, a recitei em voz alta oito vezes, sendo que em pelo menos uma delas eu estava sóbrio, e em outras duas troquei a palavra “cego” por “o homem que nada vê” (que julguei reforçar o aspecto intraduzível da coisa toda).
Ontem de madrugada, abri a porta da geladeira para pegar a última fatia gelada de pizza de calabreza com azeitonas pretas e, bem na hora em que a pequena luz se acendeu, percebi que nada não fazia o menor sentido.

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