Sunday, January 28, 2007

O canalha

Desde que comprou um apartamento de frente ao mar, virou as costas para nós.

Friday, January 26, 2007

Todas as idéias são boas. Geniais. Fantásticas. O que estraga tudo são as pessoas. As que acreditam nelas. Esse tipo de gente que atormenta a idéia até virar. Aí, a idéia vira. Na maioria dos casos, lixo estéril. Em outros, só um projeto fracassado. Muito, muito raramente algo que conserva uma pequena fagulha criativa, uma mínima sombra de idéia. Infelizmente, idéias inocentes são sacrificadas no processo. E isso é triste. Você já viu uma idéia morrer? Não é uma cena bonita, definitivamente. Ela se agarra nos cantos do cérebro, arranha o ego, arranca pedaços da auto-estima, esperneia por toda caixa craniana e agoniza ali, bem diante dos olhos. Muita gente fica traumatizada e nunca mais acredita em idéias. Outros se acostumam. Com tempo, param de sentir qualquer tipo de piedade. Sacrificam idéias às centenas, aos milhares. Concebem e cutucam as coitadas até se satisfazerem com a costela de uma ou outra. Essa gente se alimenta disso. Disso, e das poucas idéias que se adaptam fora do conforto de um pensamento. Essas estranhas criaturas que sobrevivem ao mundo que não é ideal. Mas existe.

Monday, January 22, 2007

Bandeira a 2

Seus dentes
Branqueados
Abrem caminho
Oferecem carona
Ao meu sorriso
Taxear
Sem mais ser
Passageiro.

Friday, January 19, 2007

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O dia me nasce pelos ouvidos. Vejo o som, fluido e sépia, invadir o quarto. A beleza da época em que se ouvia rádio com olhos de ver TV. Deixo a música arrancar minhas cobertas, sigo-a com o corpo. Paro um instante em frente à porta fechada. Hesito.
Abro-a num só golpe, como um figurão entrando num cabaré.
Tudo emudece. Uma senhora varre a cozinha. Reconheço os traços de uma bela mulher. Minha avó sorri. Sorrio de volta. Ela se afasta. A vassoura de piaçava arranha os tacos do corredor. Ouço um sussurro melódico, provavelmente imaginário.

Wednesday, January 17, 2007

Interlúdio anedótico

-Sabe o que o sábio pensou um segundo antes de morrer?
-?
-Nada.

Thursday, January 11, 2007

De volta pra casa

O cobrador da lotação enxuga nos bolsos as gotas do meu fim de expediente.

Wednesday, January 10, 2007

Brainstorming

- Pensei que o cara podia ficar sem tempo, sabe? A cada dia, ele tem menos e menos tempo… Até que não dá tempo nem de acordar.
- Ele morre?
- Simplesmente não acorda.
- Hum... Acho que não tem espaço pra isso.
- No blog?
- Na vida.

Tuesday, January 9, 2007

Na cruz

Ele se pregou.

...

- Deus criou os homens para que vivessem segundo os mandamentos.
- E?
- De boas intenções, o inferno está cheio.

Monday, January 8, 2007

Um cenário paulistano

A chuva rega as ruas, carros brotam e ninguém transita.

Hoje

Vivo do que dei para ela. Das coisas que ela pendura, como quem devolve o amor em parcelas.