Thursday, August 2, 2007

No fundo

A primeira pancada levanta um taco do chão da sala, ele sente-se bem. Poeira e purpurina, lascas de madeira e confetes acompanham o batuque da pá. O cimento esfarela docemente. A terra seca é furada, uma, duas, dúzias de vezes. Os braços queimam, o suor escorre-lhe pelas costas, pelo rosto, os olhos ardem por um novo motivo.
Ele sorri, exaurido. Sente o corpo pesado, relaxado, pulsante. Sente o corpo. O buraco é estreito e tem pouco mais de quinze centímetros de profundidade. Ele só caberia ali aos pedaços.
Tudo bem, será fácil de tapar quando chegar a hora.

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