é o brinquedo caro
que a sua mãe prometeu
comprar
na volta
mínimas doses
você a dois palmos de distância;
seus lábios desenhando palavras sérias, entre golinhos de café.
Vejo seu pescoço bonito sustentando
sem esforço essa cabeça pesada
de ideias e ideais
Você é som, cheiro e formas
Boas de apertar
Você escapa do despropósito
reclamando
com razão pura
Disparo a filosofia
que me ensinou
nosso vira-latas
caramelo
Você é ódio
e dentes
Ri, ronrona
e morde
Enfim,
conversamos
inteligentemente.
Comece sendo embaixador num país pacífico,
um funcionário público desnecessário,
ou um herdeiro de grandes propriedades
Fume alguns charutos,
e beba um bom uísque
com péssimos amigos
Arrume amores insinceros e complicados
(dois ou três de cada vez)
Fermente de cinco a dez anos
e esfregue tudo em bonitas folhas de papel.
Está pronto o seu livro.
Agora, é só distribuir para os colegas da repartição.
E nunca mais repetir a receita.
Para fazer compras do mês no supermercado,
renovar seu passaporte no consulado,
ir à lotérica fazer apostas
na quina de São João
Me chame para conhecer o bebê de um colega de trabalho
num hospital distante,
na hora do rush,
numa véspera de feriado de carnaval
Me chame para assistir a você pintar as unhas,
dos pés e das mãos,
num salão lotado de madrinhas
de um casamento desconhecido
Me chame com esses olhos aí que você tem,
com essa boca macia,
com esse nariz gelado,
com essa cara de pau
Me chame